O Golpe do Consignado é um dos maiores desafios enfrentados por aposentados e pensionistas no Brasil. Recentemente, a aposentada Georgia Infante, de 61 anos, foi vítima desse esquema, perdendo R$ 9.595,00 devido a empréstimos consignados fraudulentos que utilizaram seus dados sem autorização. Nesta matéria, veja como esse golpe acontece, como identificá-lo e, principalmente, como você pode se proteger.
Como funciona o Golpe do Consignado?
O Golpe do Consignado começa com o roubo de dados pessoais da vítima, que são usados para solicitar empréstimos consignados em seu nome. Em muitos casos, os golpistas acessam o sistema do INSS (Meu INSS), alteram dados de contato e até trocam a senha do beneficiário. Com essas mudanças, conseguem aprovar empréstimos sem que a vítima perceba de imediato.
A fraude geralmente é descoberta quando a vítima nota descontos irregulares no benefício ou ao tentar acessar seu cadastro e descobrir que as informações foram alteradas. Em muitos casos, os criminosos fazem sucessivas operações, dificultando ainda mais a recuperação dos valores.
O caso de Georgia Infante: Um alerta para todos
Entre agosto de 2023 e setembro de 2024, Georgia sofreu cinco fraudes de empréstimos consignados, totalizando quase R$ 130 mil. Mesmo após bloquear operações de crédito em seu nome, os criminosos usaram documentos falsos para liberar novos empréstimos. Georgia relata que, além das fraudes financeiras, chegaram a abrir contas bancárias em seu nome. Apesar das tentativas judiciais, ainda luta para reaver o valor descontado.
Quem é responsável pela devolução dos valores?
Segundo o INSS, a devolução dos valores descontados de forma fraudulenta é responsabilidade das instituições financeiras. No entanto, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma que cada banco possui suas próprias políticas de análise e devolução, o que torna o processo de reembolso longo e burocrático para as vítimas.
Como evitar o Golpe do Consignado?
Se você é aposentado ou pensionista, seguir algumas dicas de segurança pode ajudar a evitar esse tipo de golpe:
- Bloqueie empréstimos consignados no INSS: No site ou aplicativo Meu INSS, é possível bloquear a contratação de empréstimos consignados. Esse procedimento reduz as chances de operações fraudulentas em seu nome.
- Monitore seu extrato: Verifique regularmente seu extrato de benefício para identificar descontos suspeitos. Se notar algo estranho, entre em contato com a instituição financeira imediatamente.
- Mantenha a senha em segurança: Não compartilhe a senha de acesso ao Meu INSS e faça mudanças periódicas para manter sua conta segura.
- Desconfie de ligações e mensagens suspeitas: Criminosos podem usar engenharia social, ligando ou enviando mensagens para obter dados confidenciais. Sempre desconfie de solicitações incomuns.
- Informe-se sobre as políticas do INSS: Saber como funciona o processo de crédito consignado e as medidas de segurança do INSS ajuda a identificar possíveis golpes.
O que fazer se você for vítima de um golpe?
Caso você perceba descontos indevidos ou operações de crédito não autorizadas, siga estes passos para tentar reverter a situação:
- Entre em contato com a instituição financeira: Solicite a suspensão das operações e peça a devolução dos valores descontados. Muitas vezes, esse processo é demorado, mas necessário para documentar a fraude.
- Faça um boletim de ocorrência: Procure a delegacia mais próxima e registre um boletim de ocorrência, detalhando as operações fraudulentas e qualquer outro fato relevante.
- Registre uma queixa no Portal do Consumidor: O Portal do Consumidor oferece suporte em casos de fraude. Esse passo é importante para garantir que você tenha um registro formal da queixa.
- Busque apoio jurídico: Um advogado pode auxiliar nos processos judiciais, caso as instituições financeiras recusem a devolução dos valores.
- Solicite o bloqueio no INSS: Mesmo após sofrer a fraude, bloqueie operações de crédito em seu nome no Meu INSS para evitar futuros problemas.
Medidas de segurança adicionais do INSS
Para tentar reduzir os casos de fraudes, o INSS implementou recentemente a autenticação por biometria para operações de crédito consignado. Essa medida visa aumentar a segurança dos beneficiários, impedindo que empréstimos sejam aprovados sem autorização. Além disso, o INSS passou a disponibilizar imagens das agências para investigações, permitindo que casos como o de Georgia possam ser melhor apurados.
No entanto, muitos beneficiários ainda não estão informados sobre essas mudanças, o que aumenta o risco de fraudes. Por isso, é fundamental que aposentados e pensionistas acompanhem as atualizações do INSS e mantenham suas contas seguras.
Como o INSS e o Governo Digital atuam no combate ao golpe?
O Governo Digital e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos trabalham para aumentar a segurança do acesso às plataformas públicas. A senha do Gov.br, usada para acessar o Meu INSS, é fundamental nesse processo. Todos os acessos são registrados e, em caso de suspeitas, o sistema alerta o usuário sobre atividades estranhas.
Contudo, medidas mais eficazes são necessárias para diminuir as brechas de segurança que permitem a ação de golpistas. A biometria e o monitoramento contínuo são passos importantes, mas não são suficientes. O acompanhamento constante do próprio beneficiário e a aplicação de práticas de segurança digital são essenciais.